quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Na floresta, eu pisei em dois carrapichos

No passeio pelo Shopping, por ter saído tão apressada de casa, trajava um shortinho salmon, que faz parte de um conjuntinho de dormir; uma camisetinha branca e um lençol, exatamente da mesma cor e tecido do short, servindo-me como chale(Na verdade, no começo estava usando-o enrrolado ao corpo, mas pelo estranhamento que causava nas pessoas, achei mais apropriada a segunda maneira, que ficou até chic).

Diego caminhava comigo por aqueles corredores abarrotados de gente estranha, que se amassavam nas pizzarias e lojas de roupas. Pareciam aquelas lojas de abastecimento de filme de fim de mundo ou zumbi. Insuportável. 

Eu e Diego nos separamos em algum momento antes de alcançarmos a saída daquele troço. Não liguei, porque estávamos perto! Pensei: vou sair, olhar pra trás e Diego vai surgir em seguida. E assim foi feito. Saí, olhei pra trás e Diego não apareceu. Tentei prestar atenção, mesmo sem óculos, nas pessoas que saiam por todas as portas, checando se ele saíra por outras que não a minha. Diego saiu nesse instante, pela mesma porta que eu. Sorrí aliviada e ele veio pegar minha mão. Um cara fortinho e marrentinho, de camisa roxa, gel no cabelo e nome Ariel, surgiu quase atrás de Diego, disparando chingamentos como uma metralhadora. Apontando o dedo pra Diego, mandou que voltasse ao interior do shopping. 

Perguntei ao rapaz, já muito assustada, o que havia acontecido. Ariel disse que Diego passou pela loja árabe em que trabalha, tirou um punhado de camisas penduradas em seus cabides(daqueles cabideiros que ficam meio fora/meio dentro da loja), lançou-as para o alto e pronunciou algum tipo de brincadeira que o havia ofendido bastante. Com o dedo na cara de Diego, ameaçou-o outra vez e regressou ao shopping. 

Diego desceu as escadas sujas que levavam à porta de onde saíra, enfrentando a maré contrária de pessoas. Avistei Dimi, que havia presenciado a cena e já estava indo atrás de Diego. Dei-lhe um tapinha nas costas dizendo "vai lá, meu colega de turma". E ele foi. Depois ví o Douglas, que também já corria atrás de Didi.

Olhei em volta mais uma vez, buscando encontrar mais alguém que pudesse ajudar. Que bom que Dimi e Douglas eram moços muito altos e fortes. Desci também atrás da confusão, levando um bom número de esbarrões e pequenas pancadas por segundo. Fiquei surpresa quando cheguei na loja árabe, que nem era tão distante da porta, mas tinha o caminho dificultado pelo excesso de massa humana. Uma das portas(daquelas  de ferro, tradicionais de loja) estava arriada. Na sua frente, estava Ariel caído ao chão. E na sua frente, estavam 3 ou 4 rapazes(lembro de ter visto mais um, só que não fiquei muito tempo pra me certificar e estava sem óculos, não quis chegar nem perto) espancando-o. 

Parece que o caos maior começou nessa hora. Digo "caos maior", porque "caos" parecia uma palavra que convivia sem constragimentos naquele shopping. As pessoas agora corriam e eu corri também. Passamos pela porta de saída, subimos as escadas sujas, passamos pela pequena área que levava às escadas rolantes enormes que desciam para o pátio. Passamos pelo pátio em que, quando sem pessoas, em dias ou horários de shopping fechado, via-se um gramado bem trabalhado, com direito a trilhas para passagens de carros e pessoas, ladrilhadas com pedras cor de areia. Pareço ter passado por tudo isso flutuando, pois ás vezes nem sentia meus pés no chão, só era levada pela massa.

Umas pessoas se desviaram para as estradas, cujos caminhos eram traçados pelas laterais do pátio. E outras seguiram direto, rumo a floresta. E lá estava eu, correndo também e pensando que se caísse, provavelmente seria esmagada. Meu chale salmon ficou pelo caminho...